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Duas Rainhas

  • João Marco
  • 21 de fev. de 2019
  • 3 min de leitura

O Oscar está chegando! A noite mais aguardada pelos amantes da sétima arte está próxima, ocorre nesse domingo, 24 de Fevereiro, então aguardem um texto sobre as (minhas) apostas para a premiação mais importante da industria cinematográfica. Mas, antes de fazer os palpites, iremos comentar sobre um filme que certamente irá desagradar a muitos, mas que não deve ser perdido. Mary (Saoirse Ronan), ainda criança, foi prometida ao filho mais velho do rei Henrique II, Francis, e então foi levada para França. Mas logo Francis morre e Mary decide retornar para a Escócia, na tentativa de derrubar a sua prima, Elizabeth I (Margot Robbie), a Rainha da Inglaterra. A direção é da Josie Rourke, que faz aqui o seu primeiro trabalho de grande relevância, mostrando um amplo conhecimento de técnicas cinematográficas impressionante. É um trabalho sem muito originalidade, mas, ao menos, a diretora demonstra que sabe como utilizar esses recursos sem nunca perder o controle da história.

O Roteiro é do Beau Willimon, que escreveu o filme The Ides of March (2011) e a série House of Cards (2013-2018), seus trabalhos tem uma carga política muito forte e ele utiliza muito bem esse elemento dentro da narrativa: boa parte de Duas Rainhas se foca em discussões sobre territórios, revoluções e se concentra especialmente na forma que as personagens governam seus reinos, ou seja: o elemento político e burocrático daquele período. A esperteza do texto está na maneira que ele desenvolve essa parte da história, nunca a deixando cansativa ou confusa, e mantendo a atenção do espectador fixa a todo momento, é um jogo de poder e manipulação que é envolvente e bem desenvolvida.

E, dentro dessa trama básica, o texto ainda encontra espaço para introduzir um brilhante subtexto sobre machismo e a forma como as mulheres eram vistas pela sociedade naquele período, geralmente essa temática é desenvolvida através de momentos isolados que mostram personagens menosprezando ou utilizando a protagonista como um mero objeto sexual descartável. Os Diálogos são muito bem escritos, as interações são interessantes e ajudam no avanço da narrativa, que infelizmente, não é isenta de seus problemas.

E, um desses problemas é o fato do filme ser longo demais. O significado de "longo" em uma crítica de cinema não se restringe a duração da obra, mas sim, o fato de que há certas cenas que poderiam ter sido retiradas da narrativa e não fariam diferença alguma, e aqui há diversas sequências que, se removidas, não deixariam a trama incompreensível e ainda permitia que o filme ficasse mais "dinâmico" em alguns momentos, o ritmo de Duas Rainhas não é perfeito. Boa parte desses problemas vem da Montagem, que além disso, sofre de uma fraca troca de ambientações que cortam o "clímax" da cena anterior.

Visualmente, o filme é um espetáculo: A Cinematografia do John Mathieson cria um clima frio e belo nas cenas da Escócia, com um excelente uso de tons azulados e acinzentados, puxando o espectador para aquele período, a Ambientação da obra é deslumbrante, há diversos enquadramentos que valorizam os campos e paisagens, já outros planos são mais simples e cuidadosamente bem pensados, o Jogo de Câmera segue os personagens dentro dos cenários sem pressa. A Trilha Sonora do Max Richter compõe as sequências com composições melancólicas e depressivas a base de um violino calmo e desconcertante. O Design de Produção e o Figurino são elegantes e recriam perfeitamente o visual característico do período, com um ótimo uso de cores. Ainda nos aspectos técnicos, merece destaque o sutil, mas ótimo trabalho de Maquiagem, especialmente na personagem da Margot Robbie, certamente merece levar o prêmio na categoria.

A Saoirse Ronan está fabulosa, como de costume. Ela exibe uma imponência, força e coragem, mas ao mesmo tempo uma insegurança e fragilidade no olhar que humaniza a personagem, é uma das melhores atuações femininas de 2018. Outra que está muito bem é a Margot Robbie, que mesmo com poucos momentos em cena, cria uma performance calcada nos detalhes, tanto físicos como em relação a micro-expressões, e, diga-se de passagem, a sequência que envolve as duas personagens dialogando no ato-final é talento puro!

Mary, Queen of Scots se estende um pouco além do necessário e tem sérios problemas rítmicos, mas é uma briga de poderes muito bem escrita, dirigida e interpretada.

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Título Original: Mary, Queen of Scots

Nota: ⭐⭐⭐⭐

Ano: 2018

Direção: Josie Rourke

Roteiro: Beau Willimon

Elenco: Saoirse Ronan, Margot Robbie, Jack Lowden, Gemma Chan, David Tennant, Guy Pearce

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