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Vice

  • João Marco
  • 8 de fev. de 2019
  • 4 min de leitura

Lembram da minha abertura do texto de Green Book, que indaguei o fato do filme ter sido indicado a categoria principal do Oscar 2019, sendo que haviam filmes melhores que foram completamente esnobados? Pois é, se alguém conseguir me explicar o motivo plausível para esse filme ter sido indicado a categoria principal, "melhor diretor", "melhor ator", "melhor atriz coadjuvante", "melhor ator coadjuvante", "melhor roteiro original e "melhor montagem" eu ficarei eternamente grato.

Acompanhe a ascensão de Dick Cheney (Christian Bale) ao se tornar um dos homens mais poderosos do mundo. Vice-presidente de George W. Bush (Sam Rockwell), ele remodelou os Estados Unidos e o mundo, gerando mudanças que permanecem até os dias de hoje. A Direção é do Adam McKay, que começou a carreira com comédias como O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy (2004), Talladega Nights: The Ballad of Ricky Bobby (2006) e The Other Guys (2010), se aventurando no gênero dramático pela primeira vez com o muito bom A Grande Aposta (2015). Aqui, ele apresenta uma direção irresponsável, que não consegue conduzir com perfeição a sua história, que diga-se, é muito interessante e poderia render um ótimo docudrama.

Infelizmente, Vice passa longe disso.

A começar pelo roteiro, escrito pelo próprio Adam McKay é muito problemático. A qualidade do material na qual ele tem em mãos é inegável, mas o erro se reside na forma como ele é executado. A Grande Aposta sofria de ser um filme inchado em relação a linguagem adotada e pela narrativa e, basicamente esses problemas se repetem aqui. A estrutura de Vice é caótica, é justificável que eles usaram propositalmente o elemento na não-linearidade, só que isso não é bem trabalhado dentro da proposta e não serve com um proposito para a obra, o que só acaba deixando mais cansativa ainda. Falando do estilo adotado, as inserções visuais e técnicas como "freeze-frame" e "voice-over" só colabora para permitir que a obra seja bem mais entediante.

Outro grave problema desse texto é a exposição excessiva de certas coisas que não precisavam ser verbalizadas, há momentos que o personagem expressa sentimentos, as narrações em "off", além de entediantes, explicam absolutamente tudo ao redor da obra, deixando a experiência mais enfadonha que ela já poderia ser. Um dos acertos do trabalho anterior do diretor, foi criar o interesse do público na narrativa, independente do espectador estar compreendendo os termos que são ditos, já aqui, tudo é pouco envolvente. Os Diálogos, além de exageradamente expositivos, são completamente sem inspiração.

Ainda dentro dos problemas, o Tom da obra é inconsistente em relação a sua visão "dramática" e o lado "sátira política", os dois não se encaixam perfeitamente e acabam afetando a ambos. O Ritmo é exaustivo, graças aos erros de tom e roteiro de sua obra. Agora, contradizendo esse discurso inteiro que fez parecer que o filme é horroroso, é preciso dizer que Vice possui qualidades notáveis e uma delas se encontra na interpretação do Christian Bale, que se transformou para viver o Dick Cheney, ele cria perfeitamente os maneirismos do vice-presidente, especialmente na forma de andar e na voz, mas o ator já fez trabalhos melhores, inclusive com o próprio McKay.

Já o resto do elenco não faz nada de 'impressionante" para serem dignos de uma indicação a categorias de interpretação no Oscar: a Amy Adams transmite bem certos sentimentos, mas a atriz também já fez trabalhos melhores em sua carreira, além ser criminosamente desfavorecida pelo roteiro. O Sam Rockwell, em quesitos de caracterização, está idêntico ao George W. Bush. Fora isso, ele parece que está fazendo uma paródia do ex-presidente americano e o Steve Carrell interpreta a si mesmo, só que bem mais afetado do que de costume.

Visual e tecnicamente, o filme se destaca: A Cinematografia alaranjada e esfumaçada consegue perfeitamente criar a estética daquela época, a iluminação ajuda bastante nessa composição. O Jogo de Câmera é melhor que o do trabalho anterior do diretor, com mais enquadramentos estáticos e um bom uso da câmera tremida, oferecendo um estilo "documentarista" a narrativa. A Trilha Sonora é bem introduzida na narrativa, embora pouco memorável.

A Direção de Arte recria perfeitamente a ambientação das épocas, sempre que o filme precisa utilizar flashbacks, o Figurino também recria a moda e estilo desses períodos com muita competência. A Maquiagem merece um pequeno destaque, o trabalho de envelhecimento dos atores é muito bem feito e foi até merecida a indicação a categoria no Oscar. Mas nem tudo são flores, a Montagem é péssima, não consegue organizar as ideias do roteiro e deixa o longa arrastado e insuportável em certos momentos (o pior: há diversas inserções de imagens desconexas que não acrescentam nada a narrativa).

Vice tem um visual muito belo, bons elementos técnicos, um ótimo casting e, ao menos, uma grande atuação, além de muitas boas ideias que, infelizmente se perdem em uma execução cansativa, bagunçada e mal-escrita. Possivelmente, o mais fraco dos indicados ao Oscar 2019.

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Título Original: Vice

Nota: ⭐⭐

Ano: 2018

Direção: Adam McKay

Roteiro: Adam McKay

Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell, Alison Pill, Tyler Perry.

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