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A Favorita

Antes de começar a falar sobre a obra em questão, um pequeno aviso: fiz um perfil no Medium (que é quase uma rede social de textos), então certas críticas que habitualmente não vierem para o site ou certos filmes que não precisarem de um texto maior serão encontradas lá. O link para acessar a página se encontra aqui, já fiz textos sobre filmes como Corpo Fechado (2000) e a segunda temporada de Riverdale. Bem, agora vamos ao filme.

Na Inglaterra do século XVIII, Sarah Churchill, a Duquesa de Marlborough (Rachel Weisz) exerce sua influência na corte como confidente, conselheira e amante secreta da rainha Anne (Olivia Colman). Seu posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail Masham (Emma Stone), nova criada que logo se torna a queridinha da majestade e agarra com unhas e dentes a oportunidade única.

A direção é do Yorgos Lanthimos, responsável pelo incrível O Lagosta (2016) e pelo aclamado O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017), é um diretor conhecido pela estranheza e bizarrice que ele introduz em sua narrativa, misturada perfeitamente a um humor negro absolutamente hilário. Em A Favorita, ele faz isso, mas é possível dizer que esse é o filme mais "normal" do diretor, já que o roteiro não foi escrito por ele.

Falando nisso, o roteiro do Tony McNamara é cheio de inteligência. A história é muito bem construída e conduzida, utilizando uma estrutura narrativa que se guia por capítulos, intitulados com muita criatividade, chega a lembrar o que foi feito em The Meyerowitz Stories (2017). Mas, o texto dá valor mesmo aos Diálogos, que são muito imprevisíveis e cheias de esperteza, surpreendendo positivamente o espectador e as interações dos personagens, que são bem escritas, além de extremamente hilárias. O humor da obra é constantemente satírico e sarcástico, o filme em si é uma paródia aos filmes de época, mas feita com muita destreza e elegância.

O filme é uma aula de como trabalhar manipulação no texto, os personagens se utilizam uns dos outros constantemente, mas nunca fica algo repetitivo ou cansativo, já que é bem arquitetada pelos brilhantes diálogos e pelo excelente elenco. Outra coisa perfeitamente bem trabalhada aqui é a imprevisibilidade, o filme constantemente é inesperado, tornando a trama muito mais divertida, como isso faz falta no cinema atualmente! O relacionamento dos personagens aqui, é o principal elemento que diferencia ele de outras obras do diretor, que é conhecido por trabalhar muito bem a frieza dos personagens em suas obras.

Outro destaque desse filme é o elenco: A Olivia Colman entrega uma interpretação brilhante, que caminha perfeitamente entre o simples e o exagerado, conseguindo equilibrar os dois muito bem, ela deve levar o Oscar. A Rachel Weisz está maravilhosa, criando uma figura ameaçadora, sarcástica e nefasta na medida correta, uma performance que merece fortemente levar o Oscar de Atriz Coadjuvante. A Emma Stone começa com uma personalidade delicada e forte e, no decorrer do filme, ela realmente mostra suas intenções, é uma das melhores interpretações da sua carreira. O Nicholas Hoult está muito engraçado, oferecendo uma atuação diferente dos outros trabalhos do ator.

Tecnicamente, é um filme perfeito: A cinematografia do Robbie Ryan é perfeita, com um perfeito uso de iluminação, especialmente nas sequências escuras, o uso das cores é ótimo, com uma boa predominância de tons alaranjados. O Jogo de Câmera é paciente, acompanhando os personagens perfeitamente pelos cenários, oscilando entre movimentos lentos e deslocamentos mais ágeis. Os enquadramentos de certas interações são feitos com uso do contra-plongée que engrandece os personagens.

O Design de Produção da Fiona Crombie é perfeitamente bem detalhado, com uma boa atenção aos elementos cênicos que cria perfeitamente o clima e estética do século XVIII, o Figurino da talentosa Sandy Powell ajuda nessa composição, com vestimentas bem compostas, emulando as roupas daquele período. A Trilha Sonora acompanha a energia das cenas, com um constante uso do violino, criando sequências musicalmente desconfortáveis. A Montagem do Yorgos Mavropsaridis é muito funcional com o ritmo das cenas e a duração dos enquadramentos, além de dosar perfeitamente quando várias coisas acontecendo simultaneamente.

A Favorita é um brilhante jogo de manipulação e uma genial sátira ao gênero dos filmes "de época", conduzido por um excelente roteiro e um elenco simplesmente perfeito. Um dos filmes mais ousados de 2018.

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Título Original: The Favourite

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐

Ano: 2018

Direção: Yorgos Lanthimos

Roteiro: Deborah Davis e Tony McNamara

Elenco: Olivia Colman, Emma Stone, Rachel Weisz, Nicholas Hoult, Mark Gatiss.

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