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Bumblebee

  • João Marco
  • 26 de dez. de 2018
  • 4 min de leitura

Onze anos. Esse é o tempo que se passou desde o lançamento do primeiro filme dessa franquia. A partir daí, foi uma saga de dor e sofrimento para as pessoas que admiram cinema como arte, no caso cinéfilos e críticos. Depois disso, tivemos o horrendo Revenge of the Fallen (2009), o cansativo Dark of the Moon (2011), e as enganações conhecidas como Age of Extinction (2014) e The Last Knight (2017). Demorou muito tempo, para que finalmente fosse feito um "bom" filme dessa série. E, é com orgulho que digo: agora temos!

No ano de 1987, Bumblebee encontra refúgio em um ferro-velho de uma pequena cidade praiana da Califórnia. Charlie (Hailee Steinfeld), prestes a fazer 18 anos e buscando seu lugar no mundo, encontra Bumblebee machucado e sem condições de uso. Quando o "revive", ela logo percebe que este não é qualquer fusca amarelo. A direção dessa vez fica a cargo do Travis Knight, que foi responsável pela magnífica animação Kubo and the Two Strings (2016) e ele demonstra a total diferença entre um diretor controlado e que sabe exercer sua função da forma correta e um, que não sabe o que está fazendo e não tem a menor ideia de como coordenar uma obra como essa.

O maior destaque para quem acompanhou com desgosto essa franquia está nas sequências de ação. Logo na abertura do filme, ele mostra um confronto entre Autobots e Decepticons em Cybertron, onde a câmera demonstra um controle maravilhoso, não há confusão visual, o espectador consegue compreender cada movimento dos robôs, além dele dar espaço para que o (belo) visual dos "transformers" possa ser admirado. O filme é composto por apenas três lutas, que diga-se, são muito empolgantes e, é o primeiro da franquia a ter somente 1h e 50min de duração.

Falando dos aspectos técnicos, esse filme é um verdadeiro alívio para a franquia. Os Efeitos Visuais são belos, desde a movimentação dos robôs até a inserção deles no ambiente, o cuidado é tanto, que a composição deles fica extremamente real, diferente do que era feito nos filmes anteriores. O Design de Som soa como música para os ouvidos, especialmente nas sequências de batalha entre os robôs, algo que os antecessores também tinham dificuldade em executar. Falando das lutas em si, a Câmera faz um excelente trabalho na forma como ela acompanha a ação, sem exageros típicos da série e o mais importante: sem câmera tremida!

Outro destaque desse filme (por incrível que pareça) é a Cinematografia do Enrique Chediak, que trabalhou em 127 Horas (2011) e expõe aqui um belo trabalho, com ótimo uso da iluminação nas sequências internas e lindos enquadramentos bem pensados com um cuidado artístico impressionante. Outro destaque é a Trilha Sonora sensível e tocante do Dario Marianelli (que trabalhou com o Joe Wright), conseguindo evocar emoção, sem aquela forçação de "grandiosidade" que transformava o bom trabalho do Steve Jablonsky em algo insuportável.

O uso das músicas é excelente, repleto de clássicos dos anos 80. A Montagem do Paul Rubell não é cheia de cortes desnecessários e que impedem o espectador de compreender a ação, além de ter um ótimo controle de tom, permitindo a narrativa transitar entre momentos emocionantes, "sérios" e engraçados. E falando deles, o Humor do filme é excelente, com piadas realmente funcionais e divertidas, sem aquele senso de humor ofensivo e vergonhoso que Michael Bay inseria nas obras.

O Roteiro da Christina Hodson (uma mulher, quem diria!) adota uma história muito mais simples e eficaz na forma como é construída, além de muito leve e divertida de se acompanhar, a estrutura narrativa prioriza o elemento da relação do Bumblebee com a protagonista, e no processo cria um arco emocionante, engraçado e muito mais interessante que qualquer outra trama da narrativa. E esse desenvolvimento de seus personagens é suficiente para deixar o espectador engajado no excelente e tocante ato-final.

Mas, logicamente, Bumblebee não é isento de problemas, e muitos deles envolvem o elemento adolescente, já que boa parte dos acontecimentos que envolve o gênero "coming of age" são clichês e muito desnecessários, além de não acrescentarem muito a narrativa. Além disso, é importante salientar que, mesmo com diversos acertos de roteiro, erra nos diálogos, que são extremamente genéricos e sem muita criatividade, o que não permite que eles se tornem necessariamente "marcantes".

E outro elemento que não funciona da forma correta é o elenco, mas vamos por partes: a Hailee Steinfeld prova mais uma vez a teoria de que é uma das melhores revelações adolescentes dessa década, conseguindo dar a personagem uma carga emocional muito forte, especialmente no que envolve um trauma de sua adolescência na qual ela não consegue se livrar, e o melhor: em momento algum, ela é hiper-sexualizada ou transformada na "vitrine" do filme.

Infelizmente, o mesmo não pode ser dito aos seus colegas de trabalho: O John Cena até convence como um general mais "insensível", mas a respeito de seus dons como ator, ele não tem absolutamente nenhum. O Jorge Lendeborg Jr. tem algumas boas piadas, uma dinâmica bacana com a personagem da Hailee Steinfeld, mas fica limitado a ser somente "amigo da protagonista", já que não há desenvolvimento de seu personagem. Já os atores que fazem a família da Charlie nem vale comentar. Bumblebee é uma das maiores surpresas de 2018, não só por carregar nas costas, o peso de uma franquia horrenda, mas por mostrar a mesa, de que é possível se fazer bons filmes sem precisar investir nas mesmas histórias cansativas e no exagero de uma narrativa completamente caótica.

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Título Original: Bumblebee

Nota: ⭐⭐⭐⭐

Ano: 2018

Direção: Travis Knight

Roteiro: Christina Hodson

Elenco: Hailee Steinfeld, Jorge Lendeborg Jr., John Cena, John Ortiz, Dylan O'Brien, Peter Cullen, Angela Bassett, Justin Theroux.

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