Tomb Raider: A Origem
- João Marco
- 19 de mai. de 2018
- 3 min de leitura

Em primeiro lugar, Tomb Raider desse ano tinha tudo para ser um filme medíocre como a maioria das adaptações de games, mas se qualifica como uma das (poucas) competentes. Em segundo lugar, tenha em mente que esse subgênero nos ofereceu obras como Silent Hill (2006), Prince of Persia: The Sands of Time (2010), Resident Evil (2002), Street Fighter (1994), Hitman: Agent 47 (2015), Assassin's Creed (2016), Need for Speed (2014), Super Mario Bros. (1993) e vários outros, então nesse estilo, um trabalho ok, já é grande coisa.
Lara Croft (Alicia Vikander) é a filha do fundador das empresas Croft, Lord Richard Croft (Dominic West), que vive uma vida clandestina desde o desaparecimento de seu pai. Após um certo tempo, ela descobre a ilha na qual seu pai desapareceu e o que ele procurava naquela ilha. No anseio de descobrir o que aconteceu com seu pai, ela se junta ao amargurado Lu Ren (Daniel Wu) e decide investigar a ilha.
A Direção é do Norueguês Roar Uthaug, que dirigiu o elogiado Bølgen (2015). Aqui ele consegue extrair elementos visuais e até narrativos da série, mesmo que fique bem claro a inspiração versão de 2013 do jogo, que apresenta uma uma Lara Croft bem diferente. O Ritmo é equilibrado, mesmo que sofra uma queda consistente no segundo ato. O Tom do filme é bem estabelecido, ainda que seja um filme "divertido", há uma pegada séria e madura, que certamente vai agradar os fãs da versão de 2013.
O Roteiro é ridículo. A Trama, além de absurdamente clichê, é uma completa bobagem, cheio de momentos previsíveis e furos de lógica terríveis. O filme vê a necessidade de explicar o que já havia ficado claro, elemento que não funciona, pelo fato de que o público já conhecia ou já sabia dessas informações. A exposição é tão exagerada, que o texto (desnecessariamente) explica os motivos e qualidades de sua protagonista. Os Flashbacks usados para estabelecer o vínculo entre a Lara e o Richard ficam repetitivos e cansativos, soando mais como uma digressão narrativa. E os Diálogos são risíveis, ainda que alguns funcionem.
Mas o que o filme não conquista em substância, ele ganha em qualidades técnicas e visuais (bem, em sua maioria). As Sequências de Ação tem uma ótima fluidez, há uma sequência que se passa em um barco, que, mesmo com um péssimo tratamento digital, tem uma edição e coreografia impressionantes. Há duas sequências em uma floresta, uma envolvendo restos de um avião e outra com a personagem matando vários guardas, que é totalmente inspirada no game de 2013.
A Edição impede que algumas cenas se estendam além do necessário (mesmo que a montagem não colabore) e ajudam no ritmo das sequências de ação, especialmente as que se passam na selva. O Design de Produção e a Maquiagem ajudam a trama: enquanto um ajuda a mostrar com fidelidade os ambiente sujo do acampamento, o outro ajuda na realidade dos acontecimentos com a protagonista (como a ferida no rosto, que ela carrega até o final).
Outros elementos são problemáticos: os Efeitos Visuais são terríveis, há cenas em que o personagem vira um boneco feito em CGI, que desconecta o espectador da trama, e há alguns Chroma Key que são pessímos. A Montagem arrasta com alguns momentos que são extremamente longos, além de atrapalhar o desenvolvimento de certos personagens e arcos dramáticos. A Trilha Sonora é completamente esquecível, além de cair no recurso de melodias bombástica de blockbuster.
A Alicia Vikander é a estrela do filme, entregando o sarcasmo e insolência da personagem, misturado ao fator humano da Lara Croft (algo que a Angelina Jolie não conseguiu conquistar), o poder de reação dela é amplo e ela convence como uma personagem inteligente. O Daniel Wu está bem, mesmo sem um grande desenvolvimento de personalidade. O Walton Goggins faz o vilão mais genérico dos últimos anos. E a Kristin Scott Thomas e o Dominic West não tem absolutamente nada para fazer.
Tomb Raider tem um roteiro patético e alguns elementos técnicos falhos, mesmo assim, como eu falei na abertura do texto, nesse subgênero, um filme competente é, no máximo, algo a ser considerado. As Sequências de Ação divertem, a parte técnica é ótima e a Alicia Vikander segura a trama, resta saber se a continuação será melhor.
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Título Original: Tomb Raider
Nota: ⭐⭐⭐
Ano: 2018
Direção: Roar Uthaug
Roteiro: Geneva Robertson-Dworet, Alastair Siddons e Evan Daugherty
Elenco: Alicia Vikander, Walton Goggins, Dominic West, Daniel Wu, Kristin Scott Thomas, Hannah John-Kamen.
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