Aniquilação
- João Marco
- 13 de mar. de 2018
- 3 min de leitura

O filme é uma adaptação do livro, de mesmo nome, escrito pelo Jeff VanderMeer, e conta a história de Lena (Natalie Portman) é uma bióloga que se junta a uma expedição secreta, encabeçada pela enigmática Dr. Ventress (Jennifer Jason Leigh), que, como outras três mulheres, decidem explorar uma região denominada "Área X", um local isolado da população, onde as leis da natureza não se aplicam. Lá, ela precisa lidar com uma contaminação misteriosa, um animal mortal e procurar por pistas de um esquadrão que desapareceu naquela região, para assim descobrir o que aconteceu com seu marido, Kane (Oscar Isaac).
A Direção é do Alex Garland, responsável pelo excepcional Ex_Machina (2015). Aqui demora um pouco para o espectador conseguisse entender a proposta do diretor, mas, quando ele consegue engajar o público, ele tem a total atenção dos mesmos. O Ritmo é propositalmente desacelerado e mesmo que algumas cenas sejam vazias e superficiais, se você não conhece o trabalho do Alex Garland, você pode achar o filme um pouco "esticado" demais.
O Roteiro, escrito pelo próprio Alex Garland, é o charme da obra: A "trama" é bastante convencional e até genérica, mas é no desenvolvimento de sua narrativa que Annihilation mostra sua excelência. O universo criado é absolutamente impressionante, os conceitos ddaquele ambiente são muito bem desenvolvidos. Os Diálogos são ambíguos, a falta de respostas permite um amplo espaço para discussões profundas sem nunca entregar respostas, é um quebra-cabeça instigante. A Estrutura Narrativa "não-linear" é muito adequada, se dividindo em três blocos: O primeiro denominado "Area X", O segundo, "The Shinner" e o terceiro, "The Lighthouse". Há uma estrutura de flashbacks, introduzidos entre a trama principal, que não servem a narrativa e se tornam desnecessários.
A Cinematografia do Rob Hardy (trabalhou com o diretor no Ex_Machina) exalta o universo lúdico da obra original, com colorações oníricas, em certos momentos, remetendo a Avatar (2009) em relação a composição da natureza do ambiente. A Iluminação utilizando a luz para encher determinadas sequências, principalmente, em ambientes fechados. O Jogo de Câmera é suave, transitando entre ambientes com um controle perfeito.
Os Efeitos Visuais são bons, especialmente no que diz respeito a criação de mundo, a interação de atores com elementos digitais são ótimas. A Montagem destrói a lógica de tempo e espaço do espectador, os lapsos de tempo entre as cenas são ótimos, mas as vezes, a estrutura deixa a compreensão temporal confusa.
A Trilha Sonora do Ben Salisbury e Geoff Barrow é maravilhosa, começa com melodias melancólicas e logo passa para uma sonoridade "country", que migra para uma música sútil, é um trabalho realmente impressionante. A Direção de Arte é impressionante, a construção visual do universo é muito bem detalhada, além de muito imersiva.
A Natalie Portman é a estrela do filme. Ela expressa no olhar, o mais perfeito distanciamento emocional de uma personagem que perdeu tudo, além de convencer como uma bióloga, é uma atuação construída com perfeição. A Jennifer Jason Leigh está bem, mesmo que sua personagem não seja desenvolvida, o mesmo vale para a personagem da Tessa Thompson. Já os personagens do Oscar Isaac, Gina Rodriguez, Benedict Wong e Tuva Novotny são sub-aproveitados.
Annihilation não é um filme de respostas fáceis, não tem valor de entretenimento e pode dividir opiniões entre a grande massa, mas é uma obra paciente, bem construído e interpretado, com um cuidado visual impecável. E o final é um mindfuck daqueles, mas isso fica para outra hora, Filmaço.
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Título Original: Annihilation
Nota: ⭐⭐⭐⭐
Ano: 2018
Direção: Alex Garland
Roteiro: Alex Garland
Elenco: Natalie Portman, Benedict Wong, Oscar Isaac, David Gyasi, Jennifer Jason Leigh, Gina Rodriguez, Tessa Thompson.
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