Os Incríveis 2
- João Marco
- 21 de nov. de 2018
- 3 min de leitura

A Pixar é um estúdio de animação que se consagrou pela sua grande originalidade em seus filmes, desde brinquedos que ganham vida até uma aventura de um idoso e um garoto escoteiro em uma savana na América do Sul, eles conseguem criar autenticidade e nos emocionar profundamente com suas narrativas. Mesmo assim, faz um tempo que eles perderam um pouco desse fator "original" em suas histórias: Divertida Mente e Coco são realmente muito boas, mas são derivadas de outras obras e tem a estrutura narrativa familiar. Esse filme sofre disso, mas, vamos por partes...
Na continuação do filme de 2004, Helen (Holly Hunter) é quem assume os holofotes, deixando Robert (Craig T. Nelson) em casa com Violet (Sarah Vowell) e Dash (Huck Milner) para conduzir o heroico dia-a-dia de uma vida “normal”. É uma transição difícil para todos, que se complica ainda mais tendo em vista que a família ainda não sabe dos superpoderes do bebê Jack-Jack. Quando um novo super vilão traça um plano perigoso e brilhante, a família precisarão encontrar um jeito de trabalhar juntos novamente.
A Direção é do excelente Brad Bird, responsável pelo primeiro filme, além do magnífico Ratatouille (2007) e o excelente Mission: Impossible - Ghost Protocol (2011). A astúcia desse diretor para trabalhar com animação é impressionante, e aqui, ele não desaponta o espectador, especialmente em tudo que envolve a parte visual da obra, que é trabalhado nos minuciosos detalhes. A animação é perfeita, desde dos movimentos dos personagens, até elementos como o cabelo, a textura da roupa, tudo é de extrema qualidade e enche os olhos do espectador.
A Direção de Arte é, mais uma vez, um espetáculo. A variedade de cenários bem construídos, os pequenos elementos de cada um dos ambientes, o formato dos uniformes de cada um dos heróis, tudo é feito com um cuidado absolutamente assustador. A Cinematografia é linda, com ambientes bem iluminados, especialmente nas cenas onde o plano de fundo é mais escuro, além do ótimo trabalho de cores, que deixa o filme mais vistoso.
Embarcando na onda de filmes do gênero, as sequências de ação são eletrizantes e dignas de um verdadeiro Blockbuster, com cenas que desenvolvem bem as habilidades dos heróis, o começo do filme já demonstra isso muito bem e com muita qualidade. Os enquadramentos são perfeitos, aproveitando a vistosa construção de mundo. A Trilha Sonora do Michael Giacchino continua excelente, com a perfeita mistura entre Jazz suave e temas mais energéticos, remetendo aos clássicos de espionagem dos anos 60.
O Roteiro, escrito pelo próprio Brad Bird, só erra em copiar a estrutura narrativa do filme antecessor, o que retira alguns méritos do texto, pois até certas sequências são idênticas a do primeiro The Incredibles. E, por mais que o texto tenha seus acertos, é bastante incômodo para o espectador ter a sensação de "já vi isso antes". Ainda bem que a "história" em si, é muito bacana e bem trabalhada. A Montagem transita bem entre os núcleos principais, mas desorganiza o tom do filme em vários momentos.
Outro problema de roteiro se encontra em seu antagonista, que , a primeira vista, atua como um personagem misterioso, só que no decorrer da trama, começa a ficar óbvio sua verdadeira identidade, tirando a surpresa da reviravolta, além da motivação do personagem ser bem estranha e mal-definida. Sobre acertos no texto, um deles são os bons diálogos, que fluem perfeitamente e são bem escritos, especialmente nos momentos humorísticos, é um filme mais "leve" que o antecessor.
Outra qualidade são os personagens: o Robert, dublado pelo Craig T. Nelson, tem um arco absolutamente hilário, onde ele precisa substituir a Helen. E falando nela, a melhor personagem desse filme é a Elastic Girl, dublada pela Holly Hunter, com muito mais presença e mais tempo em cena para ser memorável. O Dash e a Violet roubam a cena, o núcleo familiar deles como irmãos é divertidíssimo. O Jack-Jack rouba a cena mais ainda, cheio de momentos engraçados. O Frozen, dublado pelo Samuel L. Jackson, aparece pouco, mais diverte bastante. Merecem destaque o Winston (Bob Odenkirk), a Evelyn (Catherine Keener) e a Voyd (Sophia Bush). The Incredibles 2 sofre com uma estrutura narrativa familiar, mas retirando isso, temos um filme igualmente divertido e engraçado como seu antecessor, não é minha animação favorita de 2018, mas é um ótimo filme.
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Título Original: Incredibles 2
Nota: ⭐⭐⭐⭐
Ano: 2018
Direção: Brad Bird
Roteiro: Brad Bird
Elenco: Craig T. Nelson, Holy Hunter, Sarah Vowell, Huck Milner, Bob Odenkirk, Samuel L. Jackson, Sophia Bush, Jonathan Banks, Isabella Rossellini, Catherine Keener.
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